quinta-feira, 9 de junho de 2011

ANTES DO EXÍLIO

Paulo Freire vive intensamente seu tempo e o ambiente histórico-político entre a Revolução de 30 e o Golpe Militar de 64. É nesse período que nasce e se consolida a essência de sua obra. Suas pedagogias nascem de suas práticas, da totalidade de suas experiências de vida. Surgem do envolvimento com camponeses e trabalhadores, desde a época de peladas nos campos de futebol de Jaboatão dos Guararapes/PE, passando pelo SESI e pelo engajamento nos movimentos populares, ainda na época do Recife, a partir da metade da década de 1950.
No SESI, como Diretor do Departamento de Educação e Cultura, atuou junto às famílias, com as crianças, as mulheres e também encorajando os trabalhadores a discutir seus problemas, integrando-se efetivamente ao processo histórico, por meio das comunidades.
Paulo Freire foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular do Recife (MCP), onde, ao lado de outros intelectuais e do povo, trabalhou para assegurar a inserção crítica e transformadora das classes oprimidas na sociedade brasileira, a partir da cultura popular. No Centro de Cultura Dona Alegarinha, um círculo de cultura do MCP que discutia os problemas cotidianos na comunidade de Poço da Panela, em Recife, Freire trabalha de forma mais sistemática o que viria a ser chamado de método de alfabetização.

Experiência de Alfabetização de Paulo Freire repercute na imprensa nordestina da época.
“... era preciso que eu fosse ao contexto de quem ia aprender a ler, para pesquisar o discurso da cotidianidade e de lá retirar o vocabulário a ser utilizado no processo.” (Descrição a Nilcéa Lemos Pelandré, Pelandré, 2002, p. 59.)

Para Paulo Freire, a educação é uma prática para a liberdade,
para o auto-conhecimento e vivência produtiva. O alfabetizando avança para ocupar o papel de agente ativo no processo de aprendizado, interagindo com o professor.
Rapidamente seu trabalho começou a se tornar muito conhecido. Surgia ali mais que um método, uma filosofia e um sistema de educação capaz de alfabetizar os cerca de 40 milhões de iletrados do Brasil naquele final da década de 1950.
Dessa forma, suas idéias influenciaram a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, desenvolvida pelo então prefeito de Nata-RNl, Djalma Maranhão. Ainda no Rio Grande do Norte, desta vez na cidade de Angicos, Freire realiza sua mais marcante experiência na época, desenvolvida entre janeiro e março de 1963, quando 300 trabalhadores rurais são alfabetizados em 45 dias.Convidado pelo então ministro da educação do Governo João Goulart, Paulo de Tarso,o educador Paulo Freire assumiu o cargo de coordenador do recém-criado Programa Nacional de Alfabetização, o qual, utilizando seu método, pretendia alfabetizar 5 milhões de adultos em mais de 20 mil círculos de cultura.

Assinatura, em janeiro de 1964, pelo então presidente
João Goulart do Decreto que criou o Plano Nacional de
Alfabetização, coordenado por Paulo Freire.
Campanha de Alfabetização, Reformas de Base e as Ligas Camponesas integraram um cenário onde o nacionalismo influenciou a mobilização popular que antecedeu o golpe militar.Criado em janeiro de 1964, o Plano foi extinto pela Ditadura Militar, logo depois do golpe. Paulo Freire foi preso por duas vezes.
A Embaixada da Bolívia foi a única que o aceitou como refugiado político. Em setembro de 1964, Paulo Freire deixa o Brasil rumo ao exílio.

O Ministro da Educação, Paulo de Tarso e Paulo Freire, durante visita ao Círculo de Cultura do Gama, em setembro de 1963.O Ministro da Educação, Paulo de Tarso e Paulo Freire, durante visita ao Círculo de Cultura do Gama, em setembro de 1963.

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